Voltei, futuros súditos, para contar-vos uma nova história. Aracne deveria ser devorada por Cérbero e afogar-se no Rio Estige pelo que fez, ao invés de transformar-se em uma hábil tecelã!
Enfim, contá-vos-ei a estória de Teseu, o jovem guerreiro ateniense.
Minos, rei de Creta, enfureceu-se com a fuga de Dédalo e Ícaro de seu... como os mortais dizem mesmo? Ah, sim, regime totalitário.
Assim, o tirano resolveu punir os atenienses. Decretou que, anualmente, Atenas deveria enviar sete rapazes e sete moças para alimentar, com seus corpos, o Minotauro, besta com cabeça de bisão e tronco humano, cuja favorita refeição era carne de... como afirmam mesmo os cientístas atuais? Ah, sim, Homo sapiens sapiens.
Caso Atenas não cumprisse a ordem, Creta, com seu poderoso exército, enviaria todos os filósofos e artistas ao barco de Caronte.
Teseu, prícipe de Atenas, filho do rei Egeu, deixava-se dominar pelo ódio e pela raiva, devido à humilhação ante Creta. Desejava ser um dos catorze jovens a enfrentarem o Minotauro, não para falecer, mas para fazer com que a besta tivesse que batalhar contra Cérbero, meu mascote.
Disse ao pai que, caso as velas do barco em retornava fossem negras, como sempre, o príncipe de Atenas havia falhado em sua missão. Caso fossem brancas, claras como a paz, o Minotauro encontraria-se morto, e a pólis grega estaria livre!
Na chegada a Creta, Teseu e Minos trocaram insultos e ameaças. Ariadne, princesa de Creta, encorajou-se com a valentia do filho de Egeu. Era tão bondosa, como contrária às atitudes do pai.
Ariadne auxiliou os atenienses. Forneceu a teseu uma espada mágica, capaz de destruir a feitiçaria protetora do Minotauro, e um novelo. Aconselhou-o a amarrá-lo na entrada do labirinto e arremesá-lo, para que pudesse guiá-los no caminho.
Assim fora feito, indubitavelmente, sem a percepção e interrupção dos guardas reais.
Os atenienses caminharam durante horas, até escutarem um rugido ensurdecedor. A besta estava próxima. Teseu atacou-lhe com a espada, feriu-lhe inúmeras vezes, derrubou-lhe e, com uma belíssima finalização, cortou sua cabeça, e enviou-lhe ao Tártaro e aos meus três juízes: Coto, Briareu e Giges.
Tomado pela pressa, Teseu e os atenienses prepararam a embarcação. Ariadne pediu-lhes para acompanhá-los, pois o conhecimento do pai sobre sua atitude resultaria em severas consequencias.
Contudo, Ariadne, apaixonada, desejava casar-se com Teseu. Este, cuja preferência seria uma mulher rica, frustrou-se com o fato, pois Ariadne não teria o que oferecer sem o apoio paterno.
Ariadne adormeceu na praia. Teseu aproveitou a situação e zarpou com os treze companheiros, abandonando a moça que adiou sua entrada em meus domínios. Minha sobrinha, que havia punido Aracne pela insolência, agora castigara o príncipe ateniense.
Fizera com que Teseu esquecesse o detalhe da coloração das velas, na chegada a Atenas. Logo, o pai, confiante da vitória do filho, decepcionou-se ao verificar a cor negra nas velas. Lançou-se ao mar, instalando tristeza no coração do assassino do Minotauro.
Quanto a Ariadne, casou-se e fora feliz com o deus Dioniso.
Hoje, em meu Reino, ouço o lamento de Egeu ao filho por ter retirado sua vida em vão, e o desejo de perdão de Teseu a Ariadne.
Quanto ao Minotauro, trabalha para mim no Tártaro, ao lado das górgonas e das harpias. Ainda agradeço a Teseu por ter enviado um bom empregado aos meus serviços (ainda que com uma horrível cabeça de bisão) e a Ariadne por ter contribuído essencialmente no ato.
PS: Não tomei atitudes semelhantes às de Teseu ou de Aracne. Lembrai-vos: cedo ou tarde, passareis aos meus domínios, e não gostaria de viver à presença de almas pecadoras, muito menos de puní-las. Portanto, aproveitai a vida com bastante amor, para não quando chegarem aqui.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
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