segunda-feira, 10 de maio de 2010

Aracne (por Hades)

Tenham um bom dia, senhores. Chamo-me Hades, embora os romanos tenham dado-me o pseudônimo de Plutão. Sou irmão do grande Rei do Olimpo, deus do Céu, Zeus, e do governante dos mares, Poseidon. Venho a ser, portanto, tio de alguns outros deuses, como Atena, Ares e Afrodite, além das ninfas marinhas, filhas do senhor dos oceanos.

Sou o Senhor do Submundo, dos mortos. Guardo e protejo a alma daqueles que partiram ao descanso eterno, no meu Reino, o Mundo Inferior. Caso queiram fazer-me certa companhia, junto a minha esposa, Perséfone, morrei, encontrei Caronte, meu barqueiro, e sejam bem-vindos! Se não falecerem, terão de passar pelo meu mascote, Cérbero, o que não é muito fácil.


Fora convidado pelos alunos do Colégio Salesiano Santa Teresinha a contar-lhes, querido público, uma pequena estória, vivenciada pela minha sobrinha, a deusa da sabedoria e da cultura, Atena: Aracne, a tecelã.


Tratava-se de uma garota muito hábil quando o assunto era tecelagem. Tecia todos os tipos de materiais, produzia todos os tipos de tecidos e... procurava e encontrava todos os tipos de adversidades, às vezes, desnecessárias de se passar.


Ocorre que, certa noite escura, minha sobrinha veio visitar-me em meus domínios. Ordenei a livre passagem da bela deusa a Caronte e Cérbero, e cumprimentei-a.


Naquela noite, a filha de Zeus contou-me a história de tal emulosa criatura.


Disse-me que estava tecendo e sendo elogiada, até que um fã, com ótimas intenções, afirmou que apenas Atena detinha a enorme capacidade para superá-la. Enfureceu-se, não admitia a supremacia da divindade no ramo. Desafiou-a, então, a um jogo: disputariam quem tecia melhor e mais velozmente. Atena ofereceu-lhe, caso vencesse, a maior de todas as habilidades da arte da tecelagem.


A olimpiana e a mortal lutaram, lutaram, lutaram, desde a primeira gota de suor até a pior das taquicardias. Certo momento, Atena afirmou:


"És tão hábil, como invejosa, amadora mortal. Torná-lhe-ei, portanto, a maior das tecelãs."


Atena, ao invés de auxiliá-la, amaldiçoou-a: transformou-a em um minúsculo monstro, com oito patas, veneno letal e o poder de tecer teias: uma aranha.


Posteriormente, almas de biólogos que uniram-se a mim disseram-me que a façanha influenciou-lhes a nomear a classe dos monstros com caracteres semelhantes aos de Aracne: os aracnídeos, na qual estão também os escorpiões.


Não compreendo apenas um fato: por que Atena, ao invés de fornecer tal poder à moça, não enviou seu espírito aos meus domínios? Teria ensinado-lhe (com o mais agressivo dos métodos) a não chatear meus parentes, e Cérbero ajudar-me-ia.

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